Com isso, sinto informar-lhes, caros leitores sonhadores; o amor acaba.
Numa manhã fria e cinzenta; em uma tarde ensolarada. Em alguma pizzaria antiga de bairro, daquelas que passam de pai para filho; em botecos quaisquer de esquina; ou no restaurante mais chique de Paris.
Em uma fila de shopping; no stress. Tão diferente dos tempos de colégio, onde começou a transbordar.
Pode acabar na praia, em meio a picolés e tangas, com areia por todos os lados. Num jardim de flores murchas, cheias de espinhos e grama alta.
No olhar não trocado, ou pior, no olhar que não era para ti. No abraço não dado; no beijo que não foi consumado.
Quando distantes, e a saudade não aperta.
O amor acaba; na padaria; na farmácia; dentro de um avião; ou até durante uma aula. No dia-a-dia, o encanto se quebra e a rotina nos mostra que talvez não fosse tão real quanto nós gostaríamos.
De vez em quando... Acaba e só. Só, ha, que contraditório.
Em meio a lençóis bagunçados; cabelos despenteados; e o desenlace de dois corpos.
Pode acabar no Chile, no Uruguai, ou aqui mesmo, no Brasil.
Entre cigarros que nem acesos foram. No toque do despertador. No vestido curto, o "amor" acaba; em meio ao machismo.
Ele termina ali. Nas palavras não ditas, nos sentimentos guardados; no tic-tac dos ponteiros; em madrugadas que antes, pareciam infinitas.
Nos remédios; na igreja; ou até numa maternidade. A qualquer hora, e a qualquer momento; o amor acaba.
No troca-troca das cores do farol, que brincam; por dentre as ondas do mar; ou onde os sinos badalam. Não existe hora marcada, pois atrasado ou adiantado, uma hora ele chega: o tão temido fim.
Nós nem nos preparamos e, num piscar de olhos; o amor acaba.
inspiração: Texto "O Amor Acaba", de Paulo Mendes Campos